quinta-feira, 3 de junho de 2010

Ajuda para entender o conflito no Oriente Médi



O conflito Árabe-Israelense não pode ser entendido sem uma perspectiva histórica. Temos que retornar ao Egito do século 19, quando se construiu o Canal de Suez.

As obras do Canal iniciaram em 1859 e terminaram dez anos mais tarde com um custo de 17 milhões de libras esterlinas

Os defensores do projeto argumentavam que o canal diminuiría a distância entre a Europa e o sul da Ásia. Os navios que partiam do Mar Mediterrâneo não precisariam mais circundar a África e contornar o cabo da Boa Esperança para atingir os Oceanos Índico e Pacífico.

O projeto de construção do canal foi coordenado pelo engenheiro e diplomata francês Ferdinand de Lesseps, que adquiriu do paxá Said os direitos de abertura e exploração pelo período de 99 anos. Para isso ele montou uma empresa, a Companhia Universal do Canal Marítimo de Suez, que teve como principais acionistas França e Reino Unido.

Para a inauguração, no dia 17 de novembro de 1869, o italiano Giuseppe Verdi (1813-1901) compõe a ópera Aída.

Em 1888, a Convenção de Constantinopla definiu que o Canal de Suez deveria servir a embarcações de todos os países mesmo em tempos de guerra. Inglaterra e Egito assinaram, em 1936, um acordo que assegurava a presença militar do Reino Unido na região do canal por um período de 20 anos.

Com a retirada das tropas inglesas, em 1956, o presidente egípcio Gamal Nasser iniciou um conflito ao nacionalizar o canal e impedir a passagem de navios com a bandeira de Israel. Neste mesmo ano, com o auxílio do Reino Unido e da França, o exército israelense invadiu o Egito. Derrotado, mas contando com o apoio da ONU, dos EUA e da União Soviética, o Egito garantiu o controle sobre o canal. O preço do apoio foi a abertura do canal para a navegação internacional.

Em 1960, Golda Meir, que na época ocupava o cargo de ministra das relações exteriores, propôs aos líderes árabes que negociassem com o primeiro-ministro David Ben Gurion e firmassem um acordo de paz. O presidente egípcio, Nasser, disse, 5 dias depois, que Israel estava tentando enganar o mundo e que seu país jamais reconheceria o Estado de Israel.

Os árabes foram igualmente firmes em sua decisão de não negociar com Israel e esta vontade foi claramente expressa por uma declaração de Nasser dizendo que Israel e o imperialismo no Oriente Médio eram duas coisas separadas e que houve tentativas de apresentá-los como se o problema de Israel e da Palestina fosse o dos refugiados, quando na verdade o problema de Israel residia na própria existência.

A tensão no Oriente Médio crescia e por volta de 1965 os Sírios começaram a esporadicamente atacar colônias judaicas no Golan ao mesmo tempo em que o discurso de Nasser tornava-se mais agressivo. Em março de 1965 ele disse a seguinte frase: Não vamos entrar na Palestina com seu solo coberto de areia, vamos entrar na Palestina com seu solo coberto de sangue.

Poucos meses depois Nasser voltou a se pronunciar, dizendo que almejava a completa restituição dos direitos dos palestinos e a erradicação de Israel. Enquanto Nasser fazia estes discursos de conteúdo beligerante, os ataques terroristas se intensificavam em Israel: de 1965 até o início da guerra em abril de 1967, foram 113 ataques, desses, 37 em 1967.

Em 7 de Abril de 1967 os ataques sírios aos kibutzim fizeram que Israel retaliasse, destruindo seis aviões sírios. Logo após a inteligência soviética informou a Síria de que um grande contingente militar israelense estava se preparando para a guerra e, apesar de Israel negar este fato os sírios invocaram seu tratado de defesa com o Egito.

No dia do aniversário da Independência de Israel, 15 de Maio, tropas Egípcias começaram a se aproximar da fronteira de Israel pelo Sinai e, três dias depois, tropas sírias estavam prontas para o combate nas colinas do Golan.

Em 16 de maio, Nasser ordenou que as tropas de paz da ONU se retirassem do Sinai, onde estavam desde 1956. O secretário-geral daONU obedeceu sem levar a questão para a Assembléia Geral da ONU. Dois dias depois a voz dos árabes se levantou: a partir de hoje não existem mais forças de paz protegendo Israel, não temos mais paciência. Não reclamaremos para a ONU sobre Israel, o único método que aplicaremos será a guerra total, que resultará na total aniquilação da existência sionista. Em 20 de Maio o ministro de defesa da Síria declarou que estava pronto para destruir Israel.

Em 22 de Maio o Egito cortou o acesso de Israel ao estreito de Tiro, impedindo o fluxo de mercadorias e suprimentos de Israel que vinham da Ásia e seu suprimento de petróleo, que vinha do Irã.

A partir de então Nasser passou a desafiar Israel a ameaçar o começo de uma guerra quase diariamente, firmando um tratado de defesa com o rei da Jordânia, rei Hussein e declarando que não aceitava coexistir com Israel e que toda a nação árabe estivera em guerra com Israel desde 1948.

Em junho, o Iraque entrou na aliança que era formada por Egito, Líbano, Síria e Jordânia, que contava com o apoio indireto da União Soviética, que fornecia armas, e da Algeria, Kuwait e Arábia Saudita, que estavam fornecendo armamento bélico e tropas para os aliados árabes.

Em 5 de junho de 1967 os países árabes declararam guerra. Logo no início aproximadamente 325 mil palestinos fugiram de Israel para países árabes com medo de serem afetados pela guerra.

Em seis dias, o que parecia uma derrota iminente, tornou-se uma vitória esmagadora e o exército israelense penetrou em território inimigo e já estava marchando em direção a Cairo, Damasco e Amman. Um cessar-fogo foi pedido em 10 de Junho. Mas a vitória custou caro, morreram 115 vezes mais israelenses nesta guerra do que americanos na operação tempestade do deserto, quando os EUA invadiram o Iraque para defender o Kuwait e quase um quarto da força aérea israelense foi destruída.

Com a vitória, Israel triplicou o tamanho de seu território através da aquisição do Sinai, da faixa de Gaza, do Golan e da Cisjordânia além de unificar a cidade de Jerusalém.

Em 1977, 10 anos depois, com a intervenção do presidente americano Jimmy Carter, Israel devolveu a península do Sinai ao Egito, e aos poucos transferiu o governo da Cisjordânia e da faixa de Gaza pra a Autoridade Nacional Palestina (ANP), no entanto continuou com a ocupação militar.

E agora o Irã quer se tornar uma potência nuclear e já ameaça Israel. O Hezbollah, que ocupa o sul do Líbano, disparou 3.970 mísseis contra Israel e acredita-se possua mais 9.000 deles, fornecidos pela Síria e Irã.


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